terça-feira, 20 de maio de 2014

Crianças I-M-P-U-L-S-I-V-A-S!

As crianças passam ao ato de várias formas, desde as birras até à agressão, sendo estas explosões frequentemente encaradas como algo inevitável na infância. 

Porém, de acordo com os neurocientistas Sandra Aamodt and Sam Wang, co-autores de Welcome To Your Child’s Brain, o autocontrole na infância é tão importante para a aprendizagem como a inteligência. 


Como ajudar então a criança a controlar a impulsividade? 

Existem três fatores que desempenham um papel fundamental na impulsividade: 
temperamento, funções executivas e desenvolvimento.

Temperamento: certas características, como o nível de atividade, a capacidade de adaptação, a intensidade do humor e os períodos de atenção são próprios da criança e não apenas o resultado das práticas parentais. É importante observar o temperamento da criança e identificar as suas reações a situações ou estímulos, bem como refletir sobre a forma como o temperamento dos pais se assemelha ou não ao da criança, e reconhecer os sentimentos de ambos como independentes. Esta reflexão pode influenciar a resposta do adulto à impulsividade da criança. A hesitação de uma criança inibida pode ser mais frustrante para uns pais extrovertidos, do que seria para uns pais mais introvertidos. Pais com uma personalidade mais controlada podem interpretar a impulsividade da criança como atitudes desafiantes, sem que o sejam.

Funções Executivas: alguns processos do funcionamento executivo, incluindo a capacidade de planejar, resolver problemas e executar tarefas são até certo ponto inatas. Por exemplo, algumas crianças debatem-se com o Transtorno de Atenção e Hiperatividade (TDAH), enquanto outras sofrem de “hiposensibilidade”. Uma das formas de  ajudar a criança a desenvolver o controle dos impulsos, e assim libertar energia mental para a aprendizagem, é promover um pensamento baseado no planejamento (porque é que vou fazer isto, como vou fazer, para quê), em oposição à ação-reação.

Desenvolvimento: assim que nasce, a criança manifesta estratégias de auto-regulação para se defender sobre-estimulação (ex.: vira-se quando há muita luz, leva a mão à boca para se tentar consolar). É importante observar estas capacidades e fortalecê-las, ajudando-a construir o momento entre o impulso e a ação. Crianças pequenas debatem-se com a intensa motivação para a independência perante o reconhecimento da sua (ainda) incompetência. Quando a criança bate ou morde, será importante parar o comportamento com ordens simples e firmes: “Não se bate, bater magoa”, e validar a sua frustração ou zanga, modelando formas apropriadas de as expressar, e promovendo assim o reconhecimento dos limites. A partir dos 3 anos, descobre o poder da linguagem na afirmação dos seus desejos e das suas necessidades, apesar das suas emoções por vezes explosivas. Adiar a gratificação (resistir à tentação) ajuda a criança a aprender a experimentar emoções, e não a ser conduzida pelas mesmas. Até aos 5/ 6 anos o auto-controlo pode ser promovido através de jogos/atividades físicas, e não pela expetativa de que a criança fique sentada e atenta por grandes períodos. A partir dos 7 anos, a criança possui uma grande capacidade de imaginação, que é aliada da construção da concentração e da auto-regulação. Quando a criança ultrapassa os limites, é importante ajudá-la a aprender formas de se acalmar a si própria.

Estratégias para encorajar o autocontrole:

1.  Ensine a criança a falar consigo própria. O discurso interno desempenha um papel fundamental no controle do comportamento impulsivo. As crianças com TDAH parecem adquirir esta capacidade mais tarde do que a maior parte das crianças, o que contribui para uma menor capacidade de controle dos impulsos.
  
2.       Jogos de Memória. Muitos estudos apontam para a ligação entre a memória a curto-prazo e o controle dos impulsos. Desenvolvendo a suas capacidades amnésicas, a criança compreende, interioriza e antecipa melhor as consequências dos seus atos.

3.  Seja um modelo. Quando algo não corre bem, verbalize o que sentindo e o que precisa de fazer para se acalmar.

4. Seja positivo: o criticismo e os julgamentos aumentam as reações emocionais (de sobrevivência) da criança. É importante recompensar o que merece ser recompensado, e guiar e apoiar o que não corre bem.

5.   Mexam-se! O exercício e o movimento influenciam o foco e a atenção, melhoram a concentração e a motivação e tendem a diminuir a agitação e a impulsividade.


F  Fonte: http://www.scholastic.com/parents/resources/article/why-impulse-control-is-harder-than-ever/

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