Meu filho não quer comer, o que eu faço?
* Alimentação na Infância (idade pré-escolar)
* Dicas para os pais
* Alimentação e Desenhos Animados
Durante a
infância, as crianças apresentam uma grande diversidade de padrões alimentares,
sendo que na maior parte dos casos, esta variedade não constitui uma perturbação
do comportamento alimentar. Alguns padrões alimentares pouco usuais estão
associados a fases normais do desenvolvimento. A título de exemplo, uma grande
parte das crianças com idades entre um e três anos come somente uma variedade
muito limitada de alimentos, que abrange apenas três ou quatro alimentos
distintos. No que diz respeito à idade pré-escolar, é comum às crianças
atravessarem uma fase de alimentação bastante restritiva. Os padrões descritos
tendem a desaparecer com o tempo e apenas algumas crianças persistem com uma
alimentação tão restritiva.
É comum, entre
crianças, a recusa por alguns grupos de alimentos – em muitos casos, os mais
nutritivos e saudáveis, para desconforto dos pais. Também, com frequência, as
crianças passam por momentos nos quais o comer parece ser a última de suas
preocupações, por exemplo: nas férias, quando há muitas crianças e brincadeiras
que “roubam” a atenção nas horas de refeição ou quando há uma mudança
importante no cardápio, às vezes por ocasião de uma viagem. Situações como
essas tendem a ser passageiras e não trazem prejuízos para o desenvolvimento e
saúde da criança.
No entanto, a recusa pela alimentação pode constituir‐se como um problema
quando a criança passa a desenvolver doenças decorrentes de baixa imunidade;
quando a curva de crescimento (peso e altura) encontra‐se abaixo do normal ou,
ainda, quando a seleção dos alimentos aceitos pela criança passa a ser,
progressivamente, menor.
São em situações
como essas que, muitas vezes, os pais se desesperam e, em uma tentativa de
solucionar o problema, assumem atitudes contraproducentes. Uma das práticas
mais comuns é ameaçar: “se você não comer eu vou te bater” ou “se você não
comer vai ser um fracote e todos os meninos vão te bater”. Ameaças como essas
tendem a produzir intensa ansiedade (acompanhada de enjoos e “garganta
fechada”), prejudicando ainda mais a vontade de comer. Vale lembrar que,
enquanto para algumas pessoas a ansiedade pode associar‐se ao aumento de
apetite, para aqueles que tendem a rejeitar alimentos, a ansiedade é mais um
elemento inibidor de apetite.
Também
é bastante comum que pais de crianças que recusam alimentação gastem muito
tempo acompanhando as refeições e, ao final dela, tenham esgotado seus tempos e
suas paciências. Nesses casos, podemos dizer que toda a atenção e a presença
dos pais podem estar associadas ao não comer, faltando tempo e energia para
momentos gostosos, de brincadeiras e diversão. Dessa maneira, é possível que as
crianças passem a associar a atenção e cuidados à recusa pela alimentação.
Na tentativa de resolver ou suavizar esse problema, sugere-se pequenas
mudanças, como as apresentadas a seguir:
1. Pratos com muita
comida tendem a produzir muita ansiedade na criança (que tende a vê‐los como
montanhas impossíveis de serem escaladas). Permita que a criança, assistida
pelo adulto, faça seu próprio prato – exigindo apenas que ela coloque “um
pouquinho de tudo”. É preferível um prato com pouca comida, que dê a
oportunidade da criança terminá‐lo e ouvir dos pais: “Você raspou o prato! Se
quiser, pode até repetir”.
2. Quando houver uma margem de tempo
razoável, após poucos minutos de rejeição à comida, prefira afastar‐se da
criança e, com suavidade, sugira que ela o chame quando estiver com fome. Nesse
intervalo, procure não dar muita atenção à criança, explicitando que a
companhia virá durante e após a refeição.
3. Ao início da refeição, combine
com seu filho alguma atividade (brincadeira, jogo ou assistir juntos a um programa
de televisão), que deverá ser realizada somente após comer (Reforço Positivo).
4. Em geral, a
criança com problema na alimentação associa o alimento a desconforto, ansiedade
e brigas. Para suavizar isso, é interessante que se faça uma associação entre
comidas e situações agradáveis. Para isso, vale cozinhar junto com a criança,
brincar de casinha utilizando um pouquinho de ingredientes de verdade (por
exemplo: alguns grãos de arroz e feijão e uma folhinha de alface picada) ou ler
histórias envolvendo comidas.
5. Para reduzir
a restrição alimentar e aumentar o comportamento alimentar desejado, é
importante haver o reforço positivo após cada refeição realizada, associado à
promoção de um ambiente agradável durante as refeições e à atenção diferencial.
A atenção diferencial consiste na atenção positiva perante a apresentação de um
comportamento alimentar desejado e no ignorar de comportamentos que não se
coadunam com o comportamento alimentar esperado.
6. Comportamentos que ajudariam a promover um ambiente tranquilo
durante as refeições: não ameaçar ou gritar para que coma; dar pequenas porções
de cada vez, promovendo a habituação aos alimentos; permitir alguma liberdade
de escolha dos alimentos; encorajar os progressos; bolachas, sucos ou outros
alimentos podem ser dados apenas se realizar a refeição.
7. A criança pode ajudar no preparo das refeições e ir junto fazer
as compras no mercado.
8. As crianças aprendem a
respeito do alimento não somente por suas experiências, mas também observando
os outros. A família fornece amplo campo de aprendizagem, no qual a alimentação
se torna um dos principais focos de interação entre pais e filhos. Os pais e
familiares devem cuidar para não criar um ambiente propício à alimentação
excessiva ou um estilo de vida sedentário. Pais que comem demais, muito rápido
ou ignoram os sinais de saciedade oferecem um pobre exemplo aos seus filhos.
9.
Muita
cor e diversão. Ofereça a criança cardápios coloridos e servidos de forma
divertida. Você pode criar desenhos ao servir a comida no prato.
10. Durante a refeição, um pouco de sujeira não
faz mal e é completamente natural. Toda limpeza excessiva pode prejudicar a
hora de comer, especialmente no caso das crianças.
11. Refeição tem que ter hora. A rotina alimentar é
importante para manter o metabolismo funcionando.
12. A família deve estar reunida no momento da refeição.
Comer juntos incentiva a família a comer melhor.
13. Tire os obstáculos da mesa: brigas, brinquedos
eletrônicos, estresses devem ficar de fora da hora da refeição.
14. Misture alimentos: coloque aqueles que a criança gosta
junto com alimentos desconhecidos.
15. A criança precisa estar em uma altura confortável na
mesa.
16. Os pais podem insistir, mas não forçar o filho a
comer.
17. A comida não pode ser nem presente, nem castigo.
Alimentação
e Desenhos Animados
Ao
longo da aventura, os personagens do desenho animado 'Nutri Ventures - em busca
dos 7 reinos” descobrem novos alimentos e aceitam o desafio de saboreá-los. Pais
e mães que estão com dificuldade de eliminar refrigerante, salgadinhos e
guloseimas da dieta dos filhos podem agora contar com a ajuda da turma que
passeia por sete reinos da nutrição, divididos de acordo com a classificação
dos alimentos. Transmitida pelo SBT todo sábado, às 9h, a animação também está
disponível no www.youtube.com/NutriVenturesBr. Atualmente, 30 escolas em todo o Brasil utilizam o
desenho como material didático para mostrar aos pequenos que é possível comer
bem sem traumas.
Desenhos como o do marinheiro Popeye, em que o
personagem principal consome espinafre para ficar mais forte, são grandes
aliados dos pais na luta para que seus filhos tenham uma alimentação saudável.
De acordo com uma pesquisa publicada pela revista científica Nutrition & Dietetics, programas de televisão,
aulas de culinária para crianças e educação alimentar são capazes de dobrar a
quantidade de vegetais ingeridos pelos pequenos.
Fonte: http://psicoterapiacomportamentalinfantil.blogspot.com.br/2010/06/criancas-que-nao-gostam-de-comer.html