sábado, 11 de janeiro de 2014

Avaliação Psicológica???


O que é?
Como funciona?
Para que serve?

O que é?

Avaliação Psicológica é um processo de coleta de informações e interpretação, acerca dos fenômenos psicológicos que fazem parte de uma pessoa. Considera a história de vida e os condicionantes sociais com a finalidade de verificar seus efeitos no psiquismo do indivíduo e, assim, auxiliar na compreensão de como a pessoa pensa, age e sente.

Como funciona?

Durante este processo de Avaliação Psicológica, além das entrevistas e observação, pode-se fazer uso de testes e outras técnicas, conforme o caso. Após as entrevistas e aplicação de testes e técnicas, o psicólogo irá analisar os dados, interpretar e integrar os resultados, para então elaborar o documento pertinente ao caso (parecer ou laudo) e fornecer devolução.

Para que serve?

No Atendimento clínico serve para ajudar a compreender o motivo de consulta, assim como características de personalidade, com o propósito de verificar porque o paciente está enfrentando dificuldades na área pessoal e/ou profissional. Também chamada de Psicodiagnóstico, esta avaliação pode ser realizada..

a) no início de um tratamento psicoterápico, pelo próprio profissional que usará esta avaliação para planejar o atendimento clínico que se seguirá;
b) por solicitação de outro profissional como, por exemplo, neurologistas, psiquiatras e fonoaudiólogos, a fim de dirimir alguma dúvida diagnóstica;
c) ao longo de tratamento psicoterápico para verificar evolução do tratamento.

* O número de encontros para realização da Avaliação Psicológica varia de acordo com o objetivo.
* Realizo avaliação psicológica ou psicodiagnóstico para crianças, adolescentes e adultos! 

Fonte: http://andreiapsico.blogspot.com.br/

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Dislexia!

Muitas crianças vão mal na escola, parecem desatentas e preguiçosas, confundem letras, leem mal, têm dificuldades na escrita de números e na solução de problemas. Tudo isso pode ser resultado de uma doença chamada: DISLEXIA

O termo dislexia se refere a um distúrbio de aprendizagem de escrita, leitura, ortografia e redação. Alguns especialistas ainda incluem, como resultados da doença, as dificuldades na escrita de números, não causada por deficiência mental ou sensorial, mas por um atraso na maturação de determinadas áreas do cérebro. Como essas áreas são responsáveis pelo desenvolvimento da leitura e da escrita, a criança não consegue decifrar signos que lê e ouve, não compreende perfeitamente o que está lendo e, ainda, confunde letras e sons.

Temos, assim, uma criança com nível mental normal, com saúde, com os órgãos sensoriais perfeitos, em estado emocional considerado estável, motivação normal, instrução adequada, com a mesma idade de seus colegas e que, no entanto, é incapaz de ler e escrever com a mesma facilidade. Os disléxicos podem apresentar problemas de lateralidade, orientação espacial e temporal, esquema corporal, distúrbios de atenção e dificuldades na capacidade de análise e síntese.

Torna-se custoso a um disléxico armar contas, seguir as linhas do caderno, respeitar margens e, por vezes, confundem as formas das letras e números e seus sons (d com t; v com f; b com d; p com q). Tais problemas acompanham muitas crianças no início do aprendizado, contudo as crianças disléxicas não os superam. Necessário é acrescentar que não se devem confundir erros e vícios de alfabetização com dislexia. Na dislexia, as dificuldades de leitura persistem até a idade adulta, bem como as dificuldades de ortografia, por serem habilidades relacionadas.

Usualmente, a história de vida de um disléxico é: ter algum parente próximo com o mesmo problema (pai, mãe, avós, tios); ter nascido de um parto difícil (no qual pode ter ocorrido anoxia - falta de oxigênio no cérebro -, prematuridade ou hipermaturidade); ter adquirido alguma doença infectocontagiosa que tenha produzido convulsões ou perda de consciência; ter sofrido atraso para andar ou na aquisição da fala; ter problemas de dominância lateral (distinção entre direita e esquerda). Esse problema afeta os meninos em uma proporção maior que as meninas; além disso, esse é um problema que tende a se agravar após os 12 anos, na fase de transformações da adolescência.

Quando precisa ler silenciosamente, a pessoa disléxica não consegue deixar de mover os lábios ou murmurar; costuma acompanhar a leitura, palavra por palavra, com os dedos, pois precisa pronunciar cada palavra para poder entender o seu significado e ir construindo o pensamento. Dessa maneira, essa pessoa tem dificuldade na intelecção de textos e demorará mais tempo que os outros para produzir um texto com significado, com coerência, clareza e coesão.

Assim, grande parte das pessoas disléxicas acaba por perder o gosto pela leitura e não será capaz de dominar a leitura e a escrita de uma segunda língua (língua estrangeira), apresentará um baixo rendimento escolar e acabará, inevitavelmente, sendo rotulada de "preguiçosa" e "desatenta". Elas não entendem o porquê de não conseguirem acompanhar seus colegas de sala e ficam agressivas ou inibidas, acabam por entrar em uma espécie de guerra com o mundo em que vivem. Por isso, não costumam se adaptar ao convívio escolar e podem sofrer de ansiedade, insônia e agitação.

Daí a importância de os pais e professores conhecerem o assunto, para poder proporcionar às crianças disléxicas o tratamento de que precisam e, com isso, fazer com que elas consigam se equiparar às outras crianças. Por meio de terapias com profissionais especializados, a maioria das pessoas disléxicas pode chegar a ler e a estudar normalmente, embora, para isso, tenham que se esforçar mais que as outras. No entanto, se não forem submetidas à instrução especializada, permanecerão como semi-analfabetas.

Autora: Sandra Fatima Reigota Bijoian

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Casamento: modo de usar!



Case-se com alguém que adore te escutar contando algo banal como o preço abusivo dos tomates, ou que entenda quando você precisar filosofar sobre os desamores de Nietzsche.
Case-se com alguém que você também adore ouvir. É fácil reconhecer uma voz com quem se deve casar; ela te tranquiliza e ao mesmo tempo te deixa eufórico como em sua infância, quando se ouvia o som do portão abrindo, dos pais finalmente chegando. Observe se não há desespero ou insegurança no silêncio mútuo, assim sendo, case-se.
Se aquela pessoa não te faz rir, também não serve para casar. Vai chegar a hora em que tudo o que vocês poderão fazer, é rir de si mesmos. E não há nada mais cruel do que estar em apuros com alguém sem espontaneidade, sem vida nos olhos.
Case-se com alguém cheio de defeitos, irritante que seja, mas desconfie dos perfeitinhos que não se despenteiam. Fuja de quem conta pequenas mentiras durante o dia. Observe o caráter, antes de perceber as caspas.
Case-se com alguém por quem tenha tesão. Principalmente tesão de vida. Alguém que não lhe peça para melhorar, que não o critique gratuitamente, alguém que simplesmente seja tão gracioso e admirável que impregne em você a vontade de ser melhor e maior, para si mesmo.
Para se casar, bastam pequenas habilidades. Certifique-se de que um dos dois sabe cumpri-las. É preciso ter quem troque lâmpadas e quem siga uma receita sem atear fogo na cozinha; é preciso ter alguém que saiba fazer massagem nos pés e alguém que saiba escolher verduras no mercado. E assim segue-se: um faz bolinho de chuva, o outro escolhe bons filmes; um pendura o quadro e o outro cuida para que não fique torto. Tem aquele que escolhe os presentes para as festas de criança e aquele que sabe furar uma parede, e só a parede por ora. Essa é uma das grandes graças da coisa toda, ter uma boa equipe de dois.
Passamos tanto tempo observando se nos encaixamos na cama, se sentimos estalinhos no beijo, se nossos signos se complementam no zodíaco, que deixamos de prestar atenção no que realmente importa; os valores. Essa palavra antiga e, hoje assustadora, nunca deveria sair de moda. 
Os lábios se buscam, os corpos encontram espaços, mas quando duas pessoas olham em direções diferentes, simplesmente não podem caminhar juntas. É duro, mas é a verdade. Sabendo que caminho quer trilhar, relaxe! A pessoa certa para casar certamente já o anda trilhando. Como reconhecê-la? Vocês estarão rindo. Rindo-se.


Autor: Diego Engenho Novo

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Jogo do Rabisco!


O jogo do rabisco é uma técnica (apresentada como jogo) que facilita a comunicação de aspectos profundos do psiquismo e tem valor diagnóstico e terapêutico. É de fácil apreensão e muito bem-aceita pelas crianças. O fato de o terapeuta jogar livremente com a criança, na troca dos desenhos, tem grande importância para o sucesso da técnica, pois não dá à criança a impressão de que está sendo avaliada.

Instruções:

Em um momento adequado, após a chegada do paciente [...] digo à criança: “Vamos jogar alguma coisa. Sei o que gostaria de jogar e vou lhe mostrar”. Há uma mesa entre a criança e eu, com papel e dois lápis. Primeiro apanho um pouco de papel e rasgo as folhas ao meio, dando a impressão de que o que estamos fazendo não é freneticamente importante, e então começo a explicar. Digo: “Este jogo que gosto de jogar não tem regras. Pego apenas o meu lápis e faço assim” [...] e, provavelmente, aperto os olhos e faço um rabisco às cegas. Prossigo com a explicação e digo: “Mostre-me se se parece com alguma coisa a você ou se pode transformá-lo em algo; depois faça o mesmo comigo e verei se posso fazer algo com o seu rabisco” (Winnicott, 2005). 

Uma sessão produz, em média, de vinte a trinta desenhos que, gradualmente, vão se tornando cada vez mais significativos, expressando, no seu conjunto, os conflitos, os medos e as angústias vividos pela criança. O jogo do rabisco é usado na primeira sessão, ou, no máximo, em duas ou três. Por sua flexibilidade, ele permite ao terapeuta utilizar os resultados de acordo com o conhecimento que tem da criança.


sábado, 28 de dezembro de 2013

ÓRFÃOS DO TRÂNSITO!

Crianças narram a difícil rotina sem a mãe!


Reportagem publicada pelo Jornal Zero Hora, no dia 19 de dezembro de 2013. 
Autora da matéria: Kamila Almeida


Para alertar motoristas para o drama das existências abreviadas pelos acidentes de trânsito, esta reportagem traz a história de duas crianças. Ambos aos sete anos, Miguel perdeu Alaíde, e Emily perdeu Cristiane. Dois anos se passaram, e os relatos sobre a dificuldade em lidar com a pior das notícias e a ausência do carinho da mãe estimulam uma reflexão sobre a importância da prudência ao volante.


Um saco de boxe pende na varanda da casa que Miguel Arcanjo divide com a avó em Gravataí. O menino de nove anos é filho de Alaíde da Silva Linck — bailarina morta aos 28 anos em um acidente de carro na entrada de 2012, na Estrada do Mar, no Litoral Norte. É o equipamento de pancadas que tem absorvido toda a raiva da criança. O objeto foi adquirido depois que Maria Regina da Silva, 59 anos, ouviu o neto chutando tudo no banheiro. Ao forçar a porta, ele despejou:

— Eu tenho muita raiva daqueles dois que mataram a minha mãe.
"Aqueles dois" seriam Tatieli Costa e Paulo Afonso Corrêa Júnior. A modelo e o suplente de vereador em Tramandaí à época foram apontados no inquérito policial como suspeitos de terem provocado a colisão. Dois anos se passaram, e, quando fala da saudade, Miguel ainda aperta os olhos enfatizando a dor da resposta. Fala na mãe o tempo todo. Ele e a avó transformaram um canto da casa em altar: tem fotos, as bijuterias que a bailarina usava no dia do acidente, alguns CDs que estavam no carro e a sapatilha de balé. 
Alaíde dava aulas de dança, finalizava a faculdade de Educação Física e proporcionava pequenos luxos a Miguel, que criava sozinha. Com a morte dela, foram-se também o padrão de vida, os passatempos, as brincadeiras. O menino teve o plano de saúde de alto padrão cancelado, deixou de frequentar clubes e piscinas, não viaja mais para a praia, abandonou os parques e os passeios no shopping. Com a aposentadoria, Regina se esforça para manter o neto no colégio particular, a higiene e a alimentação em dia. Miguel passa os dias em frente ao computador com fones de ouvido e olhos vidrados na tela. Quando a mãe morreu, ele ainda se recuperava de uma cirurgia nos ouvidos. Como a família não tinha dinheiro para continuar o tratamento, a pediatra se dispôs a atendê-lo gratuitamente.
Nos aniversários do garoto, as amigas de Alaíde já conseguiram, com uma vaquinha, comprar tablet 3D e um Playstation. Mas pouca coisa o faz alargar o sorriso.
— É que eu sinto muuuuita saudade dela. É muito triste e complicado uma criança viver sem a mãe — responde, sentado na cama, mesclando maturidade e inocência, apoiando o queixo no dorso da mão.
Na casa da avó, que assumiu os cuidados, Miguel tem um quarto recheado de cartazes e brinquedos. Na cabeceira da cama, uma lembrança feita por ele depois que perdeu o sono noite dessas. Pegou papel, caneta, a última foto tirada da mãe e improvisou um quadrinho. Desenhou corações e um casal de mãos dadas — mãe e filho.
— Foi uma forma de expressar carinho. Teve também uma vez que eu tive a ideia de escolher uma estrela, a mais brilhante, e eu disse para a vó que aquela seria a mãe. Aí, quando a estrela aparece, vou ali na rua e grito: "Oi, mãããe! Estou aqui" — lembra a criança, que deixou de praticar esportes porque perdeu a maior torcedora.
Para reduzir a ansiedade, abraça a avó de olhos fechados e diz que fará de conta que é a mãe. Em uma madrugada recente, a avó ouviu barulho no quarto do neto. Ele sorria dormindo. Preferiu não acordá-lo. Ao despertar, ele contou que Alaíde estava ali, fazendo-lhe cócegas, e que havia mandado um recado para Regina, pedindo que parasse de chorar e se cuidasse.
— Imagina eu com ele no colo, escutando isso? É para mim que ele fala isso tudo. Agradeço a Deus por ele ser uma criança calma, mas noto que precisa de atendimento psicológico por causa do colégio — desabafa a aposentada.
Miguel, nove anos, constata: "É muito triste e complicado uma criança viver sem a mãe"


Para fazer o dever de casa, só empurrado. Perdeu o gosto pelos estudos. Era a mãe quem o ajudava nos temas. Em seus devaneios, Miguel planeja de que forma poderia ter evitado o trauma.
— Ele pergunta para mim se não deveríamos ter amarrado a Alaíde naquele dia para ela não ter saído de casa — confidencia Regina.
Impressionado com o acidente, seis meses depois do ocorrido foi à igreja. Rezando baixinho, pediu a Deus que curasse os machucados da mamãe, porque só Ele conseguiria fazer isto. Miguel agora passou a ter preocupação de gente grande. Teme pelas atitudes dos motoristas no trânsito e dá um recado singelo.
— Acho que eles têm que colocar as barbas de molho. Isto quer dizer: tomar cuidado para ver o limite de velocidade. Quando estiverem numa estrada que tem três lados, ver se não vem um carro.
De resto, vive repetindo para si e para a avó a mesma frase que falou quando soube que a mãe havia ido embora:
— Agora eu sou só teu, né, vó?
A colisão
— O acidente teria sito provocado pelo Vectra que pertencia à família de Paulo Afonso Corrêa Júnior, suplente de vereador de Tramandaí à época, dirigido pela ex-modelo Tatieli Costa, que não tinha carteira de motorista e, segundo o inquérito, apresentava sinais de embriaguez.
— Ambos foram presos em flagrante e respondem ao processo em liberdade.
— A colisão, que ocorreu na Estrada do Mar, próximo ao acesso de Xangri-Lá, também vitimou o taxista Ivo Ferrazo, 63 anos, que conduzia um Corsa.
— No Prisma de Alaíde, também estava a amiga Carine Bueno Flores, que ficou 26 dias internada no Hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa.
— Até hoje, não houve julgamento do caso. Tatieli argumentou que o processo ainda tramita na Justiça e que não iria se manifestar. Paulo Afonso também informou, por intermédio da advogada Nilda Souza, que não se pronunciaria.
Emily Kamila tem nove anos e tem uma cicatriz que ocupa quase a lateral inteira da coxa esquerda. Os riscos na pele remetem a uma tragédia que promoveu um arrastão na casa dos Bieleski em 3 março de 2012. Naquele dia, sentada na cadeirinha no banco traseiro do Ka, a menina assistiu à morte da mãe e à retirada do pai das ferragens, após serem atingidos por um caminhão na BR-116, em Morro Reuter, no Vale do Sinos.
Emily ficou hospitalizada por 15 dias, passou por cirurgia e logo se recuperou. Ciente da morte da mãe, Cristiane Fassbinder, 25 anos, também ficou sem o pai Claudir, 33 anos, nos primeiros dois meses — tempo em que ficou internado. Levou mais seis meses até que pudesse retornar ao emprego, um ateliê de calçados em Dois Irmãos, onde moram. Os ferimentos dos dois os impediram de participar do enterro de Cristiane.
A criança, que já era calada, quase emudeceu. Transparece agora apenas nos detalhes o sofrimento pela ausência. Sobre os sentimentos mais íntimos, fala apenas com o pai. Queixa-se de saudade da mãe. Para chorar, esconde-se. Para tratar do trauma, a família encaminhou Emily a psicólogos. Recebeu alta depois de um mês. Disseram a eles que se calar também era uma forma de reagir.
Da mãe, ela guarda sapatos, algumas roupas, fotos, um caderno de poesias escritas por ela e uma coleção de esmaltes dos quais não deixa ninguém chegar perto. Para amenizar a saudade, usa as camisolas de Cristiane para dormir e reza lendo a Bíblia. Pouco se fala sobre o assunto. No começo, imagens da falecida ainda emolduravam a estante. Agora, nem isso. É doloroso enxergar todos os dias. Vez ou outra, vão ao cemitério levar flores.
— É o pai que bota as flores lá — conta Emily.
Apesar de ter sempre contado com o auxílio da mãe nos estudos, na escola não teve problemas.
— Nos temas, eu ainda consigo me virar. Pior são os trabalhos — diz a menina.
Já pensa nas profissões que quer seguir. Está em dúvida entre Direito e Odontologia por um curioso motivo: quer ganhar muito dinheiro para comprar um carrão. Em busca de colo, engatou amizade com a vizinha Silvane Siiss, 32 anos, de quem não desgruda. Dentre as maiores dificuldades notadas pelos familiares, está a tomada de decisão. Emily passou a sempre escolher o que fazer e o que vestir com base na opinião dos outros.
Para ajudar a cuidar da casa de três cômodos, a menina auxilia em tarefas simples do lar impecável: lava a louça e varre o chão. Há cinco meses, Claudir iniciou um novo relacionamento. Vê a namorada aos finais de semana. Aos poucos, a mulher conquista a afeição da menina.
O baque também foi financeiro, já que não contam mais com a renda de Cristiane. Para ficar mais tempo com Emily, Claudir deixou de fazer horas extras. O carro acidentado não tinha seguro e teve perda total. Os custos do enterro beiraram os R$ 12 mil. Há três meses, Emily foi submetida a uma nova cirurgia para a retirada de uma placa no fêmur.
Tudo vem se ajeitando há um ano, quando deixaram a casa da mãe de Claudir e voltaram para a deles. A menina cursa o 3º ano do Ensino Fundamental à tarde e, pela manhã, pratica esportes e dança. Às 17h30min, o pai busca a filha no colégio. Cuidar da casa e de uma menina sozinho deixou Claudir bem atrapalhado.
— Que nem o dia em que me dei conta de que ela já tinha seio. Sugeri: "Filha, acho que já está na hora de usar sutiã" — recorda.
São muitas as perguntas desconcertantes.
— Uma vez, meu irmão tomou um trago, saiu de carro, sabendo que não pode, bateu, prenderam ele. Ela perguntou: "Como prenderam o meu tio, pai? O cara matou a minha mãe e não foi preso" — lembra Claudir.
O Dia das Mães está entre as maiores dificuldades. Em 2012, Emily pediu que a tia Gislaine Lenir Bieleski, 34 anos, fosse à escola representando Cristiane.
— Foi muito difícil. Chorei muito. Ela se manteve tranquila — relata a tia.
Neste ano, a tarefa escolar na data era comprar um livro e presentear a mãe:
— Tinha que comprar, né? Aí, eu comprei. Mas não dei para ninguém, guardei comigo.
O acidente
— Cristiane tinha folga apenas aos domingos. Naquele sábado, 3 de março de 2012, conseguiu dispensa e viajava com a família de Dois Irmãos para visitar parentes em Nova Petrópolis, terra natal dela.
— No km 216 da BR-116, em Morro Reuter, um caminhoneiro perdeu o controle do veículo e colidiu com o Ka vermelho da família, às 8h30min.
— O motorista Vanderli Ribeiro de Souza foi indiciado por homicídio culposo e lesões corporais. A família também entrou com um processo civil pedindo indenização. Segundo o advogado de Vanderli, Léo Elon Pias, ele não teve culpa. Pias argumenta que os freios não funcionaram, e o cliente tentou de todas as formas evitar a colisão.